quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Xre de trilha

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De Honda XRE 300 numa trilha ?




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A 6ª edição da Trilha das Grota aconteceu em Glorinha (RS) no domingo, 29 de agosto, sob a organização do grupo Soca Trilha, e foi um estrondoso sucesso de público e trilheiros inscritos, com mais de 600 participantes.

A equipe Sobremotos chegou no CTG Sentinela do Rio Grande no sábado (28) para estacionar seu motor home com total equipamento de som e microfones, pois iria ser a responsável pela sonorização e locução de todo o evento, além de fazer a cobertura fotográfica e jornalística dos acontecimentos. Uma equipe de cinco pessoas foi deslocada para fotografar e narrar a grande festa que se esperava, e acabou sendo mesmo.

Para capturar alguns dos melhores flagrantes dos pilotos no trajeto, uma Honda XRE 300 foi gentilmente cedida pela Valecross, rede com 12 concessionárias espalhadas por várias cidades do RS, especialmente para a equipe Sobremotos.

É certo que esta moto não foi concebida para uma trilha, afinal seus pneus são mais direcionados para uso em estradas e ruas e a intenção nem era esta, a idéia era se posicionar em algum ponto de controle para fotografar pequenos trechos próximos, os quais seriam alcançados a pé mesmo. A moto deveria apenas se deslocar por meio de estradas rurais, esburacadas, um pouco enlameadas, mas nada demais.

O colunista e piloto de motovelocidade, Jaime Nazário, se paramentou para executar este trabalho e, acompanhado por alguns integrantes da organização, foi conduzido por uma via paralela à trilha até o primeiro ponto. Já neste primeiro trecho, a aventura se descortinava, pois os guias eram trilheiros experientes e, num trecho de estrada rural de chão batido e saibro, para eles era o mesmo que andar numa estrada plana, apesar das muitas “panelas”, costeletas, lombas, barro e pedras, o ritmo era forte e os pilotos estavam acelerando o que as motos podiam dar. “De cara, já fui colocado no fogo. Tive de relembrar e executar tudo o que aprendi sobre –motard-, competição mista de terra e asfalto, na qual fui o terceiro colocado no Campeonato Gaúcho de 2008, para poder acompanhar os guias e não ficar para trás, para não me perder e não passar vergonha. A dificuldade já começou grande, pois os pneus da XRE não foram concebidos para este tipo de pavimento e escorregavam bastante, apesar e tê-los murchado um pouco para ganhar mais aderência. Na obrigação, acelerei forte e o motor da XRE 300 não decepcionou, empurrando muito, de tal forma que consegui chegar junto com os guias no primeiro posto”, comentou Jaime Nazário.

“Já fiz uma trilha”, brincou Jaime com um dos guias na chegada ao primeiro posto. Como resposta, uma risada curta já prenunciava que aquilo não tinha sido absolutamente nada e que a verdadeira trilha ainda estava por vir.

Naquele trecho já era possível vislumbrar o que estava sendo a trilha. Muitas motos, aproximadamente umas 30, já tinham quebrado nos primeiros quilômetros e as que continuavam já estavam cheias de barro.

Para tirar mais fotos, Jaime pediu que um dos guias o acompanhasse até o segundo posto, mas todos tiveram que prestar assistência para os pilotos que chegavam para transpor a subida de um morro, onde o barro quase não permitia que as motos tracionassem.

Por conta disto, um dos organizadores indicou o caminho para se chegar até o segundo posto, o problema é que ele não considerou que o objetivo de Jaime era ir por um trecho menos “acidentado” apenas para tirar fotos. O caminho que foi indicado era o do segundo trecho da trilha com aproximadamente dez quilômetros. Jaime partiu sem nem imaginar o que estava por vir.

O primeiro quilômetro sugeria que era por ali mesmo o caminho, estrada “normal” de uma área rural, mas esta via foi gradativamente se estreitando, estreitando, até que virou uma pequena trilha de gado. Mais ou menos uns dois quilômetros tinham sido percorridos até então. “Deve ser um atalho e o segundo ponto de parada deve estar logo à frente”, pensou Jaime. Ledo engano.

Seguindo em frente, a trilha de gado foi sendo cercado por mata fechada dos dois lados, de tal forma que não era mais possível manobrar e retornar. “Deve faltar pouco”, pensou novamente Jaime.

Num dado momento, a fatídica e temerária dúvida se confirmava. A trilha de gado acabara, e isto não era o pior, em seguida tinha uma enorme descida de morro. Àquela altura, só havia um caminho a seguir, em frente, e lá foi Jaime.

A descida foi cada vez ficando mais difícil, mais barro, mais pedras, mais estreita, mais íngrime. Num determinado momento Jaime pensou, “pelo amor de Deus, nem um cabrito montanhês passa por aqui, como vou passar com a XRE?”

Nesse momento, começaram a chegar trilheiros e Jaime, agora “oficialmente” dentro da trilha, não podia parar, manobrar e voltar e ainda tinha um monte de “alucinados” querendo seguir em frente. O jeito era encarar o “monstro”.

Mas o morro parecia não parar de descer e a situação era dramática. Mesmo trilheiros mais experientes estavam caindo no chão. Jaime levou uns cinco tombos, em baixa velocidade, pois mal dava pra se deslocar entre tanto barro e pedras, nem se machucou nem danificou a moto, a qual, aliás, foi extremamente guerreira. A única coisa que Jaime lamentava era que ela não era o modelo dotado de ABS, pois, naquelas circunstâncias, seria um recurso muito útil.

Atolando e ajudando outros a desatolarem e erguer motos, Jaime e vários trilheiros conseguiram chegar ao segundo posto, isto depois de quase duas horas para avançar apenas menos de oito quilômetros. Visualizar o segundo posto próximo foi como uma benção e um alívio. Exausto, tudo o que Jaime queria era sair daquele verdadeiro inferno.

No segundo posto, uma grande, mas uma grande mesmo, quantidade de motos havia quebrado, aproximadamente umas cem motos não conseguiram passar do segundo ponto. Todas foram levadas sobre um caminhão até o ponto de largada. Não bastassem as motos quebradas, uma grande leva de pilotos também abandonaria a 6ª Trilha das Grota ali mesmo, sem mais condições físicas de prosseguir, assim como Jaime.

Passado o pavor de ter de enfrentar um território desconhecido e absolutamente inóspito, ficava a satisfação de ter conseguido vencer os desafios impostos pela natureza inteiro e sem quebrar nada na moto.

Algum tempo depois, mais tranqüilo, embora ainda bem cansado, era uma alegria só poder contar para os amigos a aventura passada. A sensação de pavor reinante dentro da mata agora era de orgulho por ter saído vencedor, mesmo que em apenas um pequeno trecho.

O motociclismo é assim mesmo, tem inúmeras facetas, todas, quando vivenciadas com responsabilidade, são excitantes, prazeirosas e gratificantes. Na 6ª Trilha das Grota, Jaime Nazário pode conhecer “de dentro” como é a adrenalina de vencer barro, pedras, mato, buracos e morros. Sentir o odor das flores de laranjeira recém floridas, ver inúmeras e belíssimas orquídeas, bromélias e tantas outras flores, estar não só em contato, mas fazendo parte, ainda que “alienígena”, da natureza. Só quem é verdadeiramente do motociclismo pode entender tais sensações. Todos da equipe Sobremotos ficaram muito gratificados de poder participar desta aventura e poder retratá-la de muito perto para que todos os leitores possam ter, pelo menos, uma pequena noção do que aconteceu de bom neste grande evento.

Quanto à XRE? Excepcional! Obviamente ela não tem a resposta de uma Gás Gás, a força de uma CRF ou a manobrabilidade de uma YZF, mas também não faz feio. Mesmo mais pesada e com suspensão muito macia, o seu motor entrega muita força em baixos regimes de giro e isto possibilita que a moto se apresente confiante para superar lama pesada ou subidas muito inclinadas. Já escrevemos que ela é uma verdadeira sucessora da saudosa “Sahara”, e é mesmo! Não teme aventura. Pode não ser tão “off-road” quanto à antiga Tornado, nem tão estradeira quanto à antiga Falcon, mas dá conta muito bem de atender às duas formas de uso em que estas boas motos que lhe sucederam criaram boa reputação.





A 6ª edição da Trilha das Grota aconteceu em Glorinha (RS) no domingo, 29 de agosto, sob a organização do grupo Soca Trilha, e foi um estrondoso sucesso de público e trilheiros inscritos, com mais de 600 participantes.

A equipe Sobremotos chegou no CTG Sentinela do Rio Grande no sábado (28) para estacionar seu motor home com total equipamento de som e microfones, pois iria ser a responsável pela sonorização e locução de todo o evento, além de fazer a cobertura fotográfica e jornalística dos acontecimentos. Uma equipe de cinco pessoas foi deslocada para fotografar e narrar a grande festa que se esperava, e acabou sendo mesmo.

Para capturar alguns dos melhores flagrantes dos pilotos no trajeto, uma Honda XRE 300 foi gentilmente cedida pela Valecross, rede com 12 concessionárias espalhadas por várias cidades do RS, especialmente para a equipe Sobremotos.

É certo que esta moto não foi concebida para uma trilha, afinal seus pneus são mais direcionados para uso em estradas e ruas e a intenção nem era esta, a idéia era se posicionar em algum ponto de controle para fotografar pequenos trechos próximos, os quais seriam alcançados a pé mesmo. A moto deveria apenas se deslocar por meio de estradas rurais, esburacadas, um pouco enlameadas, mas nada demais.

O colunista e piloto de motovelocidade, Jaime Nazário, se paramentou para executar este trabalho e, acompanhado por alguns integrantes da organização, foi conduzido por uma via paralela à trilha até o primeiro ponto. Já neste primeiro trecho, a aventura se descortinava, pois os guias eram trilheiros experientes e, num trecho de estrada rural de chão batido e saibro, para eles era o mesmo que andar numa estrada plana, apesar das muitas “panelas”, costeletas, lombas, barro e pedras, o ritmo era forte e os pilotos estavam acelerando o que as motos podiam dar. “De cara, já fui colocado no fogo. Tive de relembrar e executar tudo o que aprendi sobre –motard-, competição mista de terra e asfalto, na qual fui o terceiro colocado no Campeonato Gaúcho de 2008, para poder acompanhar os guias e não ficar para trás, para não me perder e não passar vergonha. A dificuldade já começou grande, pois os pneus da XRE não foram concebidos para este tipo de pavimento e escorregavam bastante, apesar e tê-los murchado um pouco para ganhar mais aderência. Na obrigação, acelerei forte e o motor da XRE 300 não decepcionou, empurrando muito, de tal forma que consegui chegar junto com os guias no primeiro posto”, comentou Jaime Nazário.

“Já fiz uma trilha”, brincou Jaime com um dos guias na chegada ao primeiro posto. Como resposta, uma risada curta já prenunciava que aquilo não tinha sido absolutamente nada e que a verdadeira trilha ainda estava por vir.

Naquele trecho já era possível vislumbrar o que estava sendo a trilha. Muitas motos, aproximadamente umas 30, já tinham quebrado nos primeiros quilômetros e as que continuavam já estavam cheias de barro.

Para tirar mais fotos, Jaime pediu que um dos guias o acompanhasse até o segundo posto, mas todos tiveram que prestar assistência para os pilotos que chegavam para transpor a subida de um morro, onde o barro quase não permitia que as motos tracionassem.

Por conta disto, um dos organizadores indicou o caminho para se chegar até o segundo posto, o problema é que ele não considerou que o objetivo de Jaime era ir por um trecho menos “acidentado” apenas para tirar fotos. O caminho que foi indicado era o do segundo trecho da trilha com aproximadamente dez quilômetros. Jaime partiu sem nem imaginar o que estava por vir.

O primeiro quilômetro sugeria que era por ali mesmo o caminho, estrada “normal” de uma área rural, mas esta via foi gradativamente se estreitando, estreitando, até que virou uma pequena trilha de gado. Mais ou menos uns dois quilômetros tinham sido percorridos até então. “Deve ser um atalho e o segundo ponto de parada deve estar logo à frente”, pensou Jaime. Ledo engano.

Seguindo em frente, a trilha de gado foi sendo cercado por mata fechada dos dois lados, de tal forma que não era mais possível manobrar e retornar. “Deve faltar pouco”, pensou novamente Jaime.

Num dado momento, a fatídica e temerária dúvida se confirmava. A trilha de gado acabara, e isto não era o pior, em seguida tinha uma enorme descida de morro. Àquela altura, só havia um caminho a seguir, em frente, e lá foi Jaime.

A descida foi cada vez ficando mais difícil, mais barro, mais pedras, mais estreita, mais íngrime. Num determinado momento Jaime pensou, “pelo amor de Deus, nem um cabrito montanhês passa por aqui, como vou passar com a XRE?”

Nesse momento, começaram a chegar trilheiros e Jaime, agora “oficialmente” dentro da trilha, não podia parar, manobrar e voltar e ainda tinha um monte de “alucinados” querendo seguir em frente. O jeito era encarar o “monstro”.

Mas o morro parecia não parar de descer e a situação era dramática. Mesmo trilheiros mais experientes estavam caindo no chão. Jaime levou uns cinco tombos, em baixa velocidade, pois mal dava pra se deslocar entre tanto barro e pedras, nem se machucou nem danificou a moto, a qual, aliás, foi extremamente guerreira. A única coisa que Jaime lamentava era que ela não era o modelo dotado de ABS, pois, naquelas circunstâncias, seria um recurso muito útil.

Atolando e ajudando outros a desatolarem e erguer motos, Jaime e vários trilheiros conseguiram chegar ao segundo posto, isto depois de quase duas horas para avançar apenas menos de oito quilômetros. Visualizar o segundo posto próximo foi como uma benção e um alívio. Exausto, tudo o que Jaime queria era sair daquele verdadeiro inferno.

No segundo posto, uma grande, mas uma grande mesmo, quantidade de motos havia quebrado, aproximadamente umas cem motos não conseguiram passar do segundo ponto. Todas foram levadas sobre um caminhão até o ponto de largada. Não bastassem as motos quebradas, uma grande leva de pilotos também abandonaria a 6ª Trilha das Grota ali mesmo, sem mais condições físicas de prosseguir, assim como Jaime.

Passado o pavor de ter de enfrentar um território desconhecido e absolutamente inóspito, ficava a satisfação de ter conseguido vencer os desafios impostos pela natureza inteiro e sem quebrar nada na moto.

Algum tempo depois, mais tranqüilo, embora ainda bem cansado, era uma alegria só poder contar para os amigos a aventura passada. A sensação de pavor reinante dentro da mata agora era de orgulho por ter saído vencedor, mesmo que em apenas um pequeno trecho.

O motociclismo é assim mesmo, tem inúmeras facetas, todas, quando vivenciadas com responsabilidade, são excitantes, prazeirosas e gratificantes. Na 6ª Trilha das Grota, Jaime Nazário pode conhecer “de dentro” como é a adrenalina de vencer barro, pedras, mato, buracos e morros. Sentir o odor das flores de laranjeira recém floridas, ver inúmeras e belíssimas orquídeas, bromélias e tantas outras flores, estar não só em contato, mas fazendo parte, ainda que “alienígena”, da natureza. Só quem é verdadeiramente do motociclismo pode entender tais sensações. Todos da equipe Sobremotos ficaram muito gratificados de poder participar desta aventura e poder retratá-la de muito perto para que todos os leitores possam ter, pelo menos, uma pequena noção do que aconteceu de bom neste grande evento.

Quanto à XRE? Excepcional! Obviamente ela não tem a resposta de uma Gás Gás, a força de uma CRF ou a manobrabilidade de uma YZF, mas também não faz feio. Mesmo mais pesada e com suspensão muito macia, o seu motor entrega muita força em baixos regimes de giro e isto possibilita que a moto se apresente confiante para superar lama pesada ou subidas muito inclinadas. Já escrevemos que ela é uma verdadeira sucessora da saudosa “Sahara”, e é mesmo! Não teme aventura. Pode não ser tão “off-road” quanto à antiga Tornado, nem tão estradeira quanto à antiga Falcon, mas dá conta muito bem de atender às duas formas de uso em que estas boas motos que lhe sucederam criaram boa reputação.









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ó a concorrente ai 

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